sexta-feira, janeiro 13, 2006

Inquérito ao próprio?

«Telefone do Presidente foi controlado
Jorge Sampaio: escutas telefónicas a altas figuras do Estado "é uma questão grave"»
13.01.2006 - 13h27

«O Presidente da República, Jorge Sampaio, classificou hoje como "uma questão grave" o registo de milhares de chamadas telefónicas feitas por altas figuras do Estado, entre as quais ele próprio.

"A única coisa que se tem de esperar é que o procurador-geral da república [PGR], como já anunciou à comunicação social, faça desencadear o inquérito necessário para que esta questão grave possa ser definitivamente esclarecida", declarou Jorge Sampaio.
O Presidente falava hoje à saída de um encontro com militares no Instituto Superior de Estudos Militares e só acedeu a prestar declarações após muita insistência por parte dos jornalistas.
"A vossa agressividade não faz nenhum sentido", ripostou o Presidente da República depois das sucessivas perguntas dos jornalistas.
O procurador-geral da república, Souto Moura, anunciou hoje a abertura de um "inquérito rigoroso" à situação, depois de um encontro em Belém com Jorge Sampaio, a pedido do chefe de Estado.
Sampaio chamou o procurador a Belém na sequência de uma notícia do "24horas" que dá conta de que o "Ministério Público controlou 80 mil chamadas de todos os titulares dos órgãos de soberania feitas de números privados" durante ano e meio, no âmbito do processo Casa Pia.
Souto Moura admitiu após o encontro com Sampaio que a notícia contém "elementos extremamente graves".
O registo dos números foi fornecido pela Portugal Telecom, que entregou ao MP e ao juiz Rui Teixeira - juiz de instrução do processo Casa Pia - informação específica sobre as chamadas realizadas a partir de telefones particulares.
O jornal refere que não encontrou no processo qualquer documento que validasse juridicamente esse registo das chamadas nem conseguiu obter junto da Portugal Telecom (que fornece os registos) o despacho do juiz de instrução específico sobre estas chamadas, efectuadas a partir de telefones fixos.»