Lá se vão as pilhas
"Espanhóis poderão integrar conselho superior da eléctrica
Talone diz que entrada da Iberdrola no governo da EDP é inaceitável"
C.F./PÚBLICO - 03.01.2006 - 09h35
António Mexia, ministro de Santana Lopes e amigo de Manuel Pinho, é o mais provável sucessor de Talone como CEO da EDP. Os espanhóis da Iberdola vão finalmente ter o que queriam - um lugar nos órgãos sociais da eléctrica portuguesa.
Talone teme que o acordo com Iberdrola tenha como consequência o desaparecimento da EDP, ou a sua transformação numa segunda marca do gigante espanhol. E considera um caso de espionagem industrial, a entrada na gestão da EDP desta sua concorrente no mercado ibérico. «Quando um acto de espionagem industrial é legalizado pelos accionistas, só resta a quem está na gestão aceitar ficar, ou ser sério e sair», diz um porta voz da administração.
Há um mês, o ministro da Economia afirmava ao EXPRESSO que o seu papel era garantir a estabilidade da gestão da EDP. Agora, optou pela instabilidade e decidiu substituir Talone. O articulador desta vontade tem sido Teixeira Pinto, que, como presidente do BCP e accionista estratégico da EDP, promoveu reuniões individuais e conjuntas com outros accionistas relevantes da empresa.
O objectivo destes encontros - a que compareceram representantes da CGD, Brisa, Stanley-Ho, Cajastur e Iberdrola - era alcançar o consenso para a alteração do modelo de governo da eléctrica, adaptando-a ao modelo em vigor no BCP, com um Conselho Superior e uma Comissão Executiva. O Conselho Superior, sem funções de gestão diária, serviria de veículo para a entrada da Iberdrola na administração.
O problema fundamental levantado pelo acordo com os espanhóis será o futuro da Hidrocantábrico, empresa espanhola que a EDP comprou para se tornar o terceiro maior operador ibérico. Talone considera que a entrada da Iberdrola na gestão pode condicionar não só o desenvolvimento da EDP como criar graves problemas em Espanha para a HC Energias.
Um dos accionistas desagradados com esta atitude do Governo/BCP é a Cajastur, que considera que a EDP está a ser entregue à Iberdrola, sem que esta pague um prémio pelo controlo da empresa.
Talone acha que os pequenos accionistas - que chegaram a ser cerca de 800 mil - estão a ser traídos neste processo e deveriam ter uma palavra a dizer sobre esta situação.»
«Só uma gestão desesperada pode aceitar ficar em funções se não conhece as intenções dos accionistas de referência, se é pelos mesmos desautorizada ou se são condicionados de algum modo os seus planos de desenvolvimento estratégico, aprovados em assembleia geral, órgão representativo de todos os accionistas», conclui o porta voz da EDP."
Talone diz que entrada da Iberdrola no governo da EDP é inaceitável"
C.F./PÚBLICO - 03.01.2006 - 09h35
"FOI UMA intriga palaciana, urdida nos corredores de São Bento, Horta Seca e rua Augusta, envolvendo José Sócrates, Manuel Pinho, Pina Moura e Paulo Teixeira Pinto. As primeiras cabeças a rolar são as de João Talone e Francisco Sánchez, que deixam a liderança da EDP.
António Mexia, ministro de Santana Lopes e amigo de Manuel Pinho, é o mais provável sucessor de Talone como CEO da EDP. Os espanhóis da Iberdola vão finalmente ter o que queriam - um lugar nos órgãos sociais da eléctrica portuguesa.
Talone teme que o acordo com Iberdrola tenha como consequência o desaparecimento da EDP, ou a sua transformação numa segunda marca do gigante espanhol. E considera um caso de espionagem industrial, a entrada na gestão da EDP desta sua concorrente no mercado ibérico. «Quando um acto de espionagem industrial é legalizado pelos accionistas, só resta a quem está na gestão aceitar ficar, ou ser sério e sair», diz um porta voz da administração.
Há um mês, o ministro da Economia afirmava ao EXPRESSO que o seu papel era garantir a estabilidade da gestão da EDP. Agora, optou pela instabilidade e decidiu substituir Talone. O articulador desta vontade tem sido Teixeira Pinto, que, como presidente do BCP e accionista estratégico da EDP, promoveu reuniões individuais e conjuntas com outros accionistas relevantes da empresa.
O objectivo destes encontros - a que compareceram representantes da CGD, Brisa, Stanley-Ho, Cajastur e Iberdrola - era alcançar o consenso para a alteração do modelo de governo da eléctrica, adaptando-a ao modelo em vigor no BCP, com um Conselho Superior e uma Comissão Executiva. O Conselho Superior, sem funções de gestão diária, serviria de veículo para a entrada da Iberdrola na administração.
O problema fundamental levantado pelo acordo com os espanhóis será o futuro da Hidrocantábrico, empresa espanhola que a EDP comprou para se tornar o terceiro maior operador ibérico. Talone considera que a entrada da Iberdrola na gestão pode condicionar não só o desenvolvimento da EDP como criar graves problemas em Espanha para a HC Energias.
Um dos accionistas desagradados com esta atitude do Governo/BCP é a Cajastur, que considera que a EDP está a ser entregue à Iberdrola, sem que esta pague um prémio pelo controlo da empresa.
Talone acha que os pequenos accionistas - que chegaram a ser cerca de 800 mil - estão a ser traídos neste processo e deveriam ter uma palavra a dizer sobre esta situação.»
«Só uma gestão desesperada pode aceitar ficar em funções se não conhece as intenções dos accionistas de referência, se é pelos mesmos desautorizada ou se são condicionados de algum modo os seus planos de desenvolvimento estratégico, aprovados em assembleia geral, órgão representativo de todos os accionistas», conclui o porta voz da EDP."
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