segunda-feira, junho 12, 2006

E agora?

"Altri fica com Celbi"
Christiana Martins
"Expresso" - 10/06/2006

«PAULO Fernandes foi quem ofereceu mais e, por isso, acabou por comprar a fábrica de pasta da Celbi à Stora-Enso, por 428 milhões de euros. Para o grupo escandinavo Stora-Enso, a mais-valia será de 170 milhões. A aquisição vai permitir à Altri conquistar dimensão no segmento industrial. A Altri passa a estar em concorrência directa com o grupo Portucel Soporcel, que tem uma das suas unidades fabris mesmo em frente à fábrica da Celbi, na Figueira da Foz. A operação de aquisição deverá estar concluída até fim de Setembro.

A venda da Celbi foi considerada um desinvestimento estratégico para o grupo Stora-Enso. «Estamos a focar a nossa estratégia no Brasil, onde o primeiro passo será o arranque da fábrica de pasta de papel Veracel», afirmou em comunicado Jukka Harmala, CEO da Stora-Enso. Inaugurada em Setembro de 2005, a Veracel tem capacidade para produzir, anualmente, 900 mil toneladas de celulose branqueada de eucalipto e é considerada uma das fábricas mais avançadas do mundo.

As vendas da Celbi alcançaram, em 2005, 137 milhões de euros, dos quais 55 milhões foram vendas internas à Stora-Enso. A fábrica da Figueira da Foz tem uma capacidade de produção anual de 315 mil toneladas de pasta de fibra de eucalipto. Metade da matéria-prima é obtida a partir das próprias plantações da Celbi, avaliadas em 41 mil hectares e 18 milhões de euros.

A Altri justifica a aquisição da Celbi com a obtenção de sinergias resultantes da gestão conjunta das três fábricas de pasta - Celbi, Celtejo e Caima - e dos activos florestais, avaliadas em cerca de 80 milhões de euros. O novo grupo passará a ter uma capacidade de produção de pasta de 640 mil toneladas/ano a partir de 2008. O mercado europeu de pasta branqueada de eucalipto foi de 8,2 mil milhões de toneladas/ano em 2005 e, de acordo com uma apresentação para analistas preparada pela Altri, a Celbi terá dos mais reduzidos custos de produção de pasta na Europa.

A curto prazo, o projecto de expansão da Altri prevê aumentar a produção da fábrica da Figueira da Foz para 330 mil toneladas de pasta de papel. A aquisição foi financiada pelo BPI e pelo Caixa Banco de Investimento. O grupo liderado por Paulo Fernandes afirma que, para financiar a compra da Celbi, não terá de proceder a qualquer aumento de capital.

Os ganhos e as perdas

A Altri surgiu em Fevereiro de 2005, através da separação dos activos industriais do grupo Cofina, cuja denominação passou a abranger apenas os activos relacionados com os «media». Celulose do Caima/Celtejo e F. Ramada Aços e Indústrias passaram a constituir o universo da Altri.

Na corrida à Celbi, ficaram para trás o grupo espanhol Ence, a Portucel, Manuel Champalimaud e o fundo de investimento TDR. No mercado, avançava-se que a venda da Celbi deveria ficar entre 300 e 400 milhões de euros, valor que acabou por ser ultrapassado.»