quarta-feira, dezembro 28, 2005

Ora vamos lá ver, não foi bem isso que eu disse!

"Candidato presidencial diz que apenas se limitou a dar um exemplo
Cavaco Silva nega ter sugerido Secretaria de Estado para as empresas estrangeiras"
27.12.2005 - 17h54 Lusa,

PUBLICO.PT

«Cavaco Silva negou hoje ter sugerido a criação de uma Secretaria de Estado para acompanhar as empresas estrangeiras em Portugal, dizendo que se limitou a "contar histórias de sucesso que ocorrem em outros países".

"Eu não sugeri a criação de um secretário de Estado nem defendi a criação de nenhuma Secretaria de Estado. Apenas contei histórias de sucesso que ocorreram em outros países", argumentou o candidato presidencial à saída de uma reunião na Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), em Lisboa.
Em entrevista à edição de hoje do "Jornal de Notícias", Cavaco Silva defendeu que "tem de ser feito um acompanhamento com algum pormenor" das empresas estrangeiras em Portugal, sugerindo que este "deveria ser feito por um secretário de Estado especialmente dedicado a esta tarefa". Questionado pelo diário sobre se iria fazer essa proposta ao Governo, se for eleito Presidente da República, o candidato respondeu: "Já o estou a propor aqui".
No entanto, esta tarde, Cavaco Silva afirmou que as suas declarações "não têm nada a ver com o Governo português", nem mesmo com a sua candidatura a Presidente da República. "O que me preocupa é o desemprego. Não deixarei de contar o que é feito nos outros países para tentar resolver o problema de desemprego", justificou.
A este propósito, Cavaco Silva desvalorizou as críticas dos seus adversários Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e Manuel Alegre, que o acusaram de estar a entrar na esfera do Governo, classificando-as como "inverdades".
"Se os candidatos à Presidência da República disserem mais ou menos inverdades é coisa que não me preocupa absolutamente nada, já ouvi muitas ao longo destes três meses e meio", rematou.
Em reacção às declarações de Cavaco Silva ao JN, Manuel Alegre alertou para "os riscos de governamentalização da Presidência da República", se Cavaco Silva for eleito chefe de Estado, e acusou o seu adversário de "interferir claramente em assuntos que são da esfera executiva, que competem ao Governo".
"Isto é uma interferência clara na esfera de competências de outro órgão de soberania e mostra que ele não avançou nas suas ideias e que pensa que é, ainda, o homem do leme", afirmou Manuel Alegre.
Também o candidato presidencial apoiado pelo Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, considerou que Cavaco Silva está a tentar interferir nas competências do Executivo. "Com franqueza, não compete a um candidato a Presidente da República definir a orgânica do Governo", declarou Francisco Louçã, sustentado que "se o dr. Cavaco Silva conhecesse bem a Constituição e as leis, perceberia que a orgânica do Governo é uma competência exclusiva do Governo, que nem sequer passa pela Assembleia da República".
Por sua vez, Jerónimo de Sousa acusou Cavaco Silva de "ainda ter alma de primeiro-ministro", defendendo que a proposta do candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP "constitui, no mínimo, uma ingerência". Cavaco Silva "tem ainda essa alma de primeiro-ministro, é-lhe muito difícil vestir a capa de Presidente da República", considerou Jerónimo de Sousa.»