segunda-feira, junho 12, 2006

E será que se a pode tirar a quem já a tem?

RELAÇÃO LISBOA
Nacionalidade rejeitada a indiana por não saber hino
"TSF" - 12/06/2006


"Uma cidadã indiana viu rejeitada a sua pretensão de se tornar portuguesa, apesar de dominar perfeitamente o português e viver em Portugal desde 1997. O Tribunal da Relação de Lisboa entende que esta indiana revelava total desconhecimento da cultura portuguesa, não sabendo mesmo o hino nacional.
( 09:10 / 12 de Junho 06 )

O Tribunal da Relação de Lisboa rejeitou a nacionalidade a uma cidadã indiana casada com um português há nove anos, alegando que esta, apesar de falar fluentemente o português, revelava total desconhecimento pela cultura portuguesa.

Segundo o «Público», a indiana de 33 anos, que vive desde 1997 em Portugal, que tem dois filhos nascidos em Portugal e que habita em casa própria, não sabe nem a letra, nem a música do hino português, nem conhece nenhuma figura relevante da cultura portuguesa.
Por isso, o tribunal decidiu rejeitar a pretensão da cidadã indiana, uma vez que esta não provou a «sua ligação efectiva à comunidade nacional», o que levou o tribunal a considerar no seu acórdão que «o desejo de adquirir a nacional portuguesa prende-se exclusivamente com o facto do seu marido e filhos terem a nacionalidade portuguesa».
«Revelou um desconhecimento da absoluta da história, cultura e realidade política portuguesas. Praticamente nada sabe sobre estas matérias, nenhum interesse ou curiosidade tendo revelado, ao longo destes anos em que passou a viver em Portugal, em tomar conhecimento - ainda que perfunctório - com esses temas», acrescenta o acórdão.
A cidadã indiana, que tem os seus filhos perfeitamente integrados na comunidade local, que é sócia de dois estabelecimentos comerciais e que está a tirar a carta de condução, tinha invocado a lei da nacionalidade para adquirir a nacionalidade portuguesa.
O artigo três desta lei diz que o «estrangeiro casado há mais de três anos com nacional português pode adquirir a nacionalidade portuguesa mediante declaração feita na constância do matrimónio».
Este artigo é complementado pela necessidade de ser o requerente a fazer prova da efectiva ligação à comunidade nacional, nunca sendo referida na mesma lei a necessidade de se ter conhecimentos cultura, história ou música, nem sequer da necessidade de se saber o hino nacional."

Se calhar com isso já não se lidaria tão bem

As outras metas que devíamos alcançar
Nicolau Santos
"Expresso" - 10/06/2006

«AGORA que nos preparamos para colocar o destino do país durante o próximo mês nos pés de onze homens e que definimos como meta mínima chegar aos oitavos-de-final no Mundial de futebol, era bom que apontássemos para outros objectivos bem mais importantes e que rejubilássemos com outras vitórias. Por exemplo:

1- Colocar o país a crescer a uma taxa de 4% ao ano até 2010. É possível, já por lá andámos no final da década de 80 e é desesperadamente urgente. Sem um crescimento acima da média comunitária, consistente, não só continuaremos a afastar-nos da média comunitária e a empobrecer em termos relativos, como teremos grande dificuldade em evitar o agravamento do desemprego, que só começa a cair a partir do momento que a economia está a crescer acima dos 2%.

2- Acabar com as situações de exclusão social ou de pobreza envergonhada que atingem dois milhões de portugueses em dez anos. Um país que carrega o negro troféu de ser o Estado da União Europeia onde as desigualdades sociais são maiores, a par de ter um dos rendimentos «per capita» mais baixos, não pode deixar de fazer um enorme esforço para reduzir as chagas sociais que o atingem. E as empresas têm o dever de contribuir para esse objectivo.

3) Tornar Portugal um país atractivo para técnicos e investimentos estrangeiros, transformando-nos na Califórnia da Europa. Isso implica desburocratizar, descer impostos, flexibilizar o mercado da habitação, oferecer bons serviços de saúde, divulgar a qualidade de vida do país no estrangeiro - mas também criar um ambiente cultural efervescente, que faça sentir bem quem decidir vir viver para Portugal.

4- Desenvolver continuadamente uma cultura de sucesso, que incentive o mérito e a excelência, em detrimento da inveja e da mediocridade. Portugal tem inúmeras facetas positivas na arquitectura, na música, no mundo empresarial, na ciência, na inovação, no turismo - e tem inúmeras personalidades, que vivem no país ou no estrangeiro, que se distinguem brilhantemente nas suas áreas de actividade. Há que divulgar continuadamente esses exemplos. Haverá muitos jovens que os quererão imitar.

Nós somos o país de Saramago e Lobo Antunes, de Siza Vieira e Souto Moura, de Maria João Pires e António Damásio, de Cutileiro e Cargaleiro, de Paula Rego e Júlio Pomar, de Pessoa e Amália, de Mourinho, Figo e Cristiano Ronaldo. Com estes rostos é fácil fazer uma grande campanha de imagem.

P.S. - Já agora, alguém pode explicar porque é que, tendo nós o melhor treinador do mundo (José Mourinho), não é ele o treinador da selecção nacional?»

E agora?

"Altri fica com Celbi"
Christiana Martins
"Expresso" - 10/06/2006

«PAULO Fernandes foi quem ofereceu mais e, por isso, acabou por comprar a fábrica de pasta da Celbi à Stora-Enso, por 428 milhões de euros. Para o grupo escandinavo Stora-Enso, a mais-valia será de 170 milhões. A aquisição vai permitir à Altri conquistar dimensão no segmento industrial. A Altri passa a estar em concorrência directa com o grupo Portucel Soporcel, que tem uma das suas unidades fabris mesmo em frente à fábrica da Celbi, na Figueira da Foz. A operação de aquisição deverá estar concluída até fim de Setembro.

A venda da Celbi foi considerada um desinvestimento estratégico para o grupo Stora-Enso. «Estamos a focar a nossa estratégia no Brasil, onde o primeiro passo será o arranque da fábrica de pasta de papel Veracel», afirmou em comunicado Jukka Harmala, CEO da Stora-Enso. Inaugurada em Setembro de 2005, a Veracel tem capacidade para produzir, anualmente, 900 mil toneladas de celulose branqueada de eucalipto e é considerada uma das fábricas mais avançadas do mundo.

As vendas da Celbi alcançaram, em 2005, 137 milhões de euros, dos quais 55 milhões foram vendas internas à Stora-Enso. A fábrica da Figueira da Foz tem uma capacidade de produção anual de 315 mil toneladas de pasta de fibra de eucalipto. Metade da matéria-prima é obtida a partir das próprias plantações da Celbi, avaliadas em 41 mil hectares e 18 milhões de euros.

A Altri justifica a aquisição da Celbi com a obtenção de sinergias resultantes da gestão conjunta das três fábricas de pasta - Celbi, Celtejo e Caima - e dos activos florestais, avaliadas em cerca de 80 milhões de euros. O novo grupo passará a ter uma capacidade de produção de pasta de 640 mil toneladas/ano a partir de 2008. O mercado europeu de pasta branqueada de eucalipto foi de 8,2 mil milhões de toneladas/ano em 2005 e, de acordo com uma apresentação para analistas preparada pela Altri, a Celbi terá dos mais reduzidos custos de produção de pasta na Europa.

A curto prazo, o projecto de expansão da Altri prevê aumentar a produção da fábrica da Figueira da Foz para 330 mil toneladas de pasta de papel. A aquisição foi financiada pelo BPI e pelo Caixa Banco de Investimento. O grupo liderado por Paulo Fernandes afirma que, para financiar a compra da Celbi, não terá de proceder a qualquer aumento de capital.

Os ganhos e as perdas

A Altri surgiu em Fevereiro de 2005, através da separação dos activos industriais do grupo Cofina, cuja denominação passou a abranger apenas os activos relacionados com os «media». Celulose do Caima/Celtejo e F. Ramada Aços e Indústrias passaram a constituir o universo da Altri.

Na corrida à Celbi, ficaram para trás o grupo espanhol Ence, a Portucel, Manuel Champalimaud e o fundo de investimento TDR. No mercado, avançava-se que a venda da Celbi deveria ficar entre 300 e 400 milhões de euros, valor que acabou por ser ultrapassado.»